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A orientação sexual
A orientação sexual é o modo como as pessoas sentem atracção física e/ou emocional por pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto, ou por ambos os sexos. Mas, independentemente da orientação sexual de cada um, existe na maioria das pessoas o mesmo desejo de intimidade, a mesma capacidade de dar e receber afecto e a mesma capacidade de amar.
As pessoas que sentem atracção física e/ou emocional por pessoas do mesmo sexo, ou seja, um homem por outro homem e uma mulher por outra mulher, têm uma orientação homossexual. Os homens homossexuais são geralmente designados gays e as mulheres lésbicas.
As pessoas designadas por bissexuais sentem atracção física e/ou emocional tanto por homens como por mulheres. Em ambos os géneros, masculino ou feminino, existem pessoas bissexuais.
Algumas pessoas dão-se conta dos seus sentimentos muito cedo, outras não. Apesar de tudo, estes sentimentos, assim como a orientação sexual de cada pessoa, podem mudar ao longo da vida, uma vez que a sexualidade não é estanque. No entanto, durante a adolescência podem surgir com mais frequência diversas dúvidas neste âmbito, uma vez que pode existir uma maior identificação dos rapazes uns com os outros e o mesmo se pode passar com as raparigas.
Podem ocorrer experiências de carácter homossexual, bissexual ou heterossexual relativamente duradouras ou apenas pontuais, assim como fantasias sexuais. Tudo isto pode acontecer e significa apenas que estás a crescer, a procurar compreenderes quem és, quais os teus desejos, aquilo que te dá prazer...
No fundo, há quem compreenda o significado dos seus sentimentos apenas quando tem os primeiros desejos sexuais ou relacionamento sexual ou amoroso. Ou seja, através do auto-conhecimento, experiência e maturidade, tudo pode ficar um pouco mais claro.
O que é isto de orientação sexual?
Existem diversas teorias que procuram compreender o que determina a orientação sexual. Para alguns autores, é determinada pelas relações que a criança estabelece com os seus pais e familiares durante a infância. Outros fazem uma ligação aos factores ambientais, defendendo que a orientação sexual se forma através de um processo d e aprendizagem social.
Existem teorias que apontam para factores biológicos envolvidos no estabelecimento da orientação sexual. Outras teorias, de base biológica, referem que a orientação sexual é influenciada pela acção e funcionamento das nossas hormonas.
Todavia, actualmente, sabe-se que o comportamento sexual não é estanque nem fixo, podendo, por essa razão, ser flexível e mudar ao longo da vida. Pelo que, até agora, o único aspecto que parece ser consensual a todas as teorias, é que a orientação sexual é algo que se começa a definir precocemente.
Para a compreensão deste tema, é ainda importante ter em conta três aspectos fundamentais:
- os aspectos biológicos (a pessoa nasce com um pénis ou com uma vagina);
- os aspectos de identificação sexual (a pessoa sente-se homem ou mulher);
- os aspectos de orientação sexual (a pessoa sente-se atraída por homens, por mulheres ou por ambos).
O conceito identidade sexual integra as dimensões da identidade de género, a orientação sexual, as fantasias, os desejos e os comportamentos sexuais. De uma forma geral, a identidade sexual define a pessoa do ponto de vida sexual, ou seja, a forma como ela se sente.
Se existe uma identificação sexual, isto é, se a pessoa se sente bem no seu corpo masculino ou feminino, à partida não há tensão ou sofrimento psíquico; quando não existe esta identificação psicológica com o sexo biológico a pessoa pode viver em sofrimento pois pode existir uma ruptura com os papéis de género “tradicionais” em que a pessoa não se identifica com os seus caracteres sexuais (cromossomáticos).
Estas pessoas, homens e mulheres, podem apresentar um transtorno ou uma alteração da sua identidade sexual e/ou de género. Nestes casos, pode ser importante uma avaliação e acompanhamento médico ou ao nível da psicologia ou psicoterapia.
E isto é “normal”?
Não se trata de ser “normal ou anormal”, uma vez que, independentemente da orientação sexual de cada um, todas as expressões são válidas, não existindo por isso uma orientação sexual considerada certa ou errada. No fundo, as pessoas homossexuais ou bissexuais são confrontadas com as mesmas questões que as pessoas heterossexuais para encontrarem o seu caminho nas relações amorosas e nas diferentes formas de relacionamento.
Assim, importa compreender e apoiar a forma como cada pessoa sente, orienta e vive a sua vida interior, integrando naturalmente a esfera da sexualidade. Existem pessoas que nascem, crescem e se desenvolvem com o apoio, carinho e compreensão quer dos pais, quer dos seus familiares e amigos. Nestes casos, será certamente mais fácil a aceitação da sua orientação sexual por parte das pessoas que lhe são próximas.
Mas existem pessoas que crescem e vivem sem esta rede de apoio, sem este carinho e aceitação. Nestes casos pode ser importante contar-se com o apoio de associações especializadas e profissionais de saúde que podem actuar diminuindo sinais de sofrimento, tentando compreender o que a pessoa sente e trabalhando estratégias ao nível das competências pessoais e sociais para lidar com as diversas dificuldades que possam surgir neste âmbito.
Como é que eu sei se sou heterossexual, homossexual ou bissexual?
Não há só uma resposta para esta questão. Muitas pessoas dão-se conta dos seus sentimentos muito cedo e não encontram uma palavra para os descrever.
Durante a adolescência surgem muitas dúvidas e os pensamentos podem ser confusos. Isto porque existe uma grande identificação dos rapazes uns com os outros e o mesmo se passa com as raparigas. Podem até existir experiências de carácter homo ou heterossexual relativamente duradoiras, e/ou fantasias homossexuais.
Em quaisquer destes acontecimentos de vida pode haver um momento em que a pessoa chega a uma conclusão acerca da sua orientação sexual, contudo, mais tarde as certezas podem ser colocadas em causa.
A orientação sexual pode mudar ao longo da vida pois a sexualidade não é estanque. No entanto, existem menos homossexuais a mudarem para heterossexuais do que o contrário.
Há quem compreenda o significado dos seus sentimentos, apenas quando tem os seus primeiros desejos sexuais e/ou relacionamento amoroso. Com um maior auto-conhecimento e maturidade, tudo fica um pouco mais claro.
Como é com o teu grupo de amigos?
Os amigos são diferentes uns dos outros e, se há os que se sentem privilegiados por lhes teres revelado a tua homossexualidade, existem outros que podem não reagir como desejarias.
A revelação de uma orientação homossexual pode ser um passo muito importante na auto-aceitação para uma pessoa homossexual mas nem sempre os amigos lidam bem com esta questão.
Algumas pessoas têm dificuldade em compreender o assunto apesar de actualmente existir uma maior abertura para se falar acerca dos afectos, dos sentires, das opções, das escolhas, dos comportamentos e mesmo das atitudes face à sexualidade.
Como é que eu digo isto aos meus pais?
Se a tua opção for revelar a tua homossexualidade aos teus pais, poderás ser confrontado/a com uma série de emoções difíceis de gerir. Tanto os filhos desenvolvem expectativas face aos pais como os pais vão construindo expectativas face aos filhos desde que estes nascem!
Para eles seria mais “cómodo” não se verem confrontados com uma situação que os pode confundir, que pode fugir ao convencional do seu grupo de amigos e do resto da família.
Mas, em última análise, trata-se da tua vida e do teu bem-estar e se para ti é importante ser aceite tal como és pelas pessoas que te amam e que tu amas também, então é uma decisão importante e que deves tomar nunca sem alguma reflexão prévia.
Importa que estejas seguro/a e confortável com a tua orientação. Pode marcar a diferença teres alguém a quem pedir apoio para conversar, antes e durante todo o processo. É sem dúvida importante escolher um momento em que o teu ambiente familiar não esteja conturbado com outro assunto.
Por mais difícil que seja aceitar a tua orientação sexual, eles vão precisar de tempo para te conhecer melhor, tal como és e o modo como te sentes... Podes até desesperar porque a aceitação dos teus pais está demorada mas muitas vezes vale a pena.
Com quem posso falar acerca destas situações?
Podes falar com aquelas pessoas com as quais te sentes mais próximo e íntimo/a. Se tiveres um irmão/irmã, primo/a, tio/tia que te conhecem melhor e que gostam de ti, pede apoio. Se é junto dos teus amigos ou do/a teu/tua namorado/a que podes encontrar algum conforto, é fundamental que os procures.
Se ainda assim, não conseguires falar com os teus amigos/as ou familiares podes ligar para algumas linhas telefónicas de ajuda, tais como a Sexualidade em Linha (808 222 003)e/ou outras linhas sobre homossexualidade, ou ainda procurar profissionais que te ajudem a compreender os teus sentimentos.
Fonte:Portal da Juventude
Para mais informações consulte:
- Portal de Saúde Sexual e Reprodutiva: http://www.apf.pt/